“Alma penada”, é como me chamam. Talvez por não ter conseguido ainda o meu lugar ao céu e, certamente, por não ter encontrado o meu lugar aqui no nosso inferno, vou vagando por aí, purgando a minha vida para, quem sabe, com o sufrágio dos fiéis ou com a ajuda dos espíritos guardiões, algum dia eu consiga meu lugar ao sol.
Vagando encontrei alma gêmea, penando, purgando suas pendências terrenas. Vinha de não sei onde, seu nome não sei. Montei meu olhar, ali me encontrei. Me vi por inteiro, juntei os meus cacos, migalhas e trapos, purguei o meu pranto, meu céu encontrei.
Desde então, sua alma vem a-que-ser a minha. Sem rumo nem prumo seguimos juntos, viajantes apocalípticos nessa nave louca, que de tão absurda e surreal me pôs diante de um espírito guardião...e me fiz sol.
“Soul in torment,” is how they call me. Perhaps because I haven’t yet found my place in heaven, and certainly because I haven’t found my place here in our hell. I wander around, purging my life so that, who knows, with the help of the faithful or with the help of the guardian spirits, one day I can find my place in the sun.
Wandering around, I found a soul mate, in torment, purging his earthly debts. He came from I don’t know where, I don’t know his name. I set my sights, and there I found myself. I saw myself completely, I gathered my pieces, crumbs and rags, I purged my tears, I found my heaven.
Since then, his soul has become mine. Without direction or plumb, we traveled together, apocalyptic travelers on this crazy ship, which was so absurd and surreal that it put me in front of a guardian spirit... and I became the sun.